sexta-feira, 21 de maio de 2021

Sobre esperança

 

“O que você faria se tivesse apenas mais um dia de vida?”. Essa pergunta clássica vive aparecendo nos métodos de idiomas pra aprender a formular hipóteses. O tempo pode variar: um dia, uma semana, um mês... Ela é mote de músicas também. Paulinho Moska canta em “O Último Dia”: “Meu amor, o que você faria se só te restasse este dia?”. E de filme: em “Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer Parou”, o diretor recebe a sentença médica de um mês de vida; por isso resolve realizar sua última produção.

 

Pra trabalhar o tema com os meus alunos de francês, uso a música “Mourir demain” (Morrer amanhã, de Pascal Obispo e Natasha St Pier). É uma espécie de equivalente da canção do Moska. Ela diz que alguns pegariam um avião, outros se trancariam em casa, outros iriam querer ver o mar pela última vez, fazer amor, fazer uma festa, rezar ou antecipar o fim... E você? “Se o mundo fosse acabar, me diz o que você faria”...

 

Eu sempre digo que teria esperança até o fim. Provavelmente ficaria com meus próximos, comeria bem e bastante e, se possível, faria uma última viagem. Bem sagitariana. Mas desconfiaria do fim. Quem disse que vai acabar? Médicos erram em diagnósticos, cientistas erram em previsões... Quantas vezes não morri, metaforicamente, e voltei? Porém, é uma boa pergunta pra gente reavaliar o que é prioridade. Nos seus últimos momentos, como, onde e com quem você gostaria de estar, se pudesse escolher? Será que estamos sabendo apreciar a vida? Há quem diga viver sempre como se fosse o último dia. Outros como se fosse o primeiro. Vivamos, enfim, como se fosse o único. Porque é. Este é o único instante que você sabe que tem. Depois, tudo muda, acaba, se transforma e não sabemos mais. Ainda mais na pandemia. A morte está perto demais pra ignorar. Mas, enquanto há vida, há esperança. Vamos viver, por nós e pela lembrança de quem amamos. Normalmente não sabemos quanto tempo nos resta, mas sabemos que esse tempo é limitado. Aproveite o presente.

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