domingo, 31 de outubro de 2021

Azul piscina

 

Seus olhos azul piscina
Não cansam de me fitar
Me porto como menina
Pra neles mergulhar

Seus olhos tão fugidios
Não vinham me procurar
Por que tão arredios
Eu só queria te olhar

Naquela sexta-feira
Encontrei a solução
Você tava de bobeira
Te chamei do portão

Vamo dar uma volta
Rapidinho
Me pega e não me solta
Cachorrinho

Você topou
Nem foi difícil
Será que pensou
Que era o meu vício

Seus olhos assustados
Pedindo clemência
Os pulsos atados
Sentindo ardência

A boca querendo gritar
Com fita isolante
O corpo todo a suar
Foi tão excitante

Te disse pra não ter medo
Sua pupila dilatou
Te contei o meu segredo
E você nem ligou

Essa incompreensão
Me magoou
Parti logo pra ação
Você não gostou

Mas valeu a pena
Agora sim
Resolvi meu dilema
Te tenho só pra mim

Seus olhos azul piscina
Mergulhadinhos no pote
Você é a minha sina
Meu amuleto da sorte

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Sobre prazer e dever

 

Hoje em dia, somos muito cobrados a ser produtivos o tempo inteiro. Afinal, tempo é dinheiro e o dinheiro move o mundo capitalista. Mas, claro, todo trabalhador tem direito a seu momento de lazer. E o que fazemos com isso? Inventamos outras atividades. Aprender um novo idioma, fazer aquele curso de costura, cozinhar, etc. Não que isso seja ruim, porém será que sobra espaço na nossa agenda pra de fato descansar?

Outro dia ouvi uma podcaster dizendo que era contra o conceito de “ócio criativo”. Afinal, não precisamos criar nada no nosso ócio. E viva o direito de ver porcaria na TV ou simplesmente ficar deitada olhando pro teto na nossa folga! Eu concordo, mas na base do “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Porque sou mestra em transformar lazer em dever.

Tenho tempo livre? Oba, vou ler! E depois vou resenhar o livro pro Insta. Ou então vou estudar, aproveito e adianto aquele exercício de italiano... Mas posso também ver um filme. Pra debater com o pessoal. Ou pra treinar o inglês. E por que as coisas precisam ter sempre um porquê? Quando me dou conta, a vida está tomada de tarefas. Não sei mais o que faço por puro prazer, só pra mim, sem uma razão lógica.

Trabalhar, estudar, socializar, tudo isso é importante. Só que a vida precisa de pausas. É aquela comidinha gostosa que a gente aprecia, o banho demorado, o cochilo da tarde, as conversas à toa com os amigos que dão um alívio e recarregam a nossa energia da semana. É preciso dar um tempo do utilitarismo e viver com mais leveza e descompromisso. Só um pouquinho, vai. Arranja um espaço na agenda. Vai valer a pena.

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

A Mulher de Libra

 

A libriana é um ser sociável. Ainda que nem sempre consiga, vive buscando o equilíbrio em todos os setores da sua vida. É racional e prática com suas questões, mais mental do que emocional. Porém, também possui uma grande sensibilidade. Para ela, se relacionar é fundamental. Por isso, vive cercada daqueles que ama e quer proteger.

Não brigue com uma libriana por ser indecisa e insegura em determinados momentos. Ela está apenas procurando escolher a melhor opção não só para si, mas para todos. Se preocupa muito com a harmonia dos grupos que integra. Portanto, detesta confusão, pois isso a desestabiliza.

Famosa por seus “contatinhos”, isso não quer dizer que seja infiel. Quando se apaixona, se entrega de verdade, e, no fundo, sabe quando escolheu o caminho certo. Pode ser uma ótima amiga, sempre com pessoas novas pra apresentar, sorridente, elegante (possui um apurado senso estético) e contemporizadora. É preciso muita harmonia para amar uma libriana.

terça-feira, 12 de outubro de 2021

Sobre cicatrizes

 

Hoje é Dia das Crianças e pensei em publicar algo sobre o tema. Mas, na verdade, vou focar mais nos dramas da vida adulta do que nas alegrias da infância. Nas coisas que ficam pra trás e a gente esquece... Não sou uma pessoa nostálgica, longe disso, porém recordo com carinho os momentos de quando era pequena. Não tinha preocupações, os adultos resolviam todas as “coisas chatas” e a gente podia brincar sossegada. Acredito, no entanto, que o embrião de todas as dores, mágoas e mazelas já estavam ali. Amigos, família e depois a escola começaram a nos cobrar certos comportamentos e práticas. As responsabilidades aos pouquinhos iam surgindo, junto com uma série de expectativas alheias.

Isso se intensifica na adolescência e se consolida na vida adulta. O adulto é um ser cansado, calejado, cheio de cicatrizes. As obrigações muitas vezes nos sufocam e temos que tomar cuidado pra não esquecer de “brincar” com a criança interior, isto é, nos permitir momentos descontraídos de diversão, lazer, descanso. Senão, como costumo dizer, a vida vira uma eterna “to do list”.

Com todos os problemas e cicatrizes, gosto mais de ser adulta. Talvez porque tente valorizar o momento presente – que escolha temos senão viver o agora? Talvez porque, apesar de tudo, me sinto mais segura e confiante, consciente das minhas questões – fruto de anos de terapia. Talvez ainda porque saiba que a criança em mim nunca vai morrer de fato. Ainda sou aquela menina entusiasmada que gostava de calçar os sapatos altos da vovó e cantar. Procuro cuidar com carinho das minhas cicatrizes e manter o otimismo. E você? Também é um adulto-criança?

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Sobre namoro por indicação

 

As conversas com os amigos me rendem ótimas pérolas e assuntos pra cronicar. Outro dia, falando sobre a vida amorosa com uma amiga, ouço o seguinte: “Ah, cansei! O melhor mesmo é namoro por indicação”. Namoro por indicação... Seria o velho método de conhecer pessoas por amigos em comum? Acho que a gente ficou tão acostumada a aplicativos que esquecemos disso. E, convenhamos, o Tinder (e afins) desestimula mesmo. A gente entra com vontade de namorar/transar/conversar e sai valorizando cada vez mais nossa própria companhia. Ainda mais se você gosta de homens. Aí então... Força, guerreira/o!

Mas como funcionaria o namoro por indicação? “Oi, tô te recomendando Fulano. Ele é ótimo, sabe conversar e tem todos os dentes da boca, você vai adorar!”. Afinal, Fulano não é qualquer um. Tem bons antecedentes. Cicrano que me indicou, sabe? Vish, isso tá pior que entrevista de emprego. Me envia logo o currículo desse Fulano aí. Ele tem carta de recomendação de alguma ex? (Duvido).

Brincadeiras à parte, não tá fácil pra ninguém. Acho que nem com indicação dá certo. Nem com amigos em comum. Nem com Santo Antônio pendurado (socorro). Os solteiros ainda têm um caminho árduo a percorrer. Ir além do “O que você busca por aqui?” e o “Oi, sumido/a”. Galgar as fronteiras dos encontros reais, sem desmarcar inventando uma desculpa qualquer. Ultrapassar os perigos do friendzone. São muitos obstáculos. Mais fácil ganhar uma medalha olímpica. Os bons encontros são mesmo raros. Por isso devem ser valorizados. Se você está nesse mesmo barco, boa sorte pra nós! Se já encontrou alguém, vê se me indica um amigo. Afinal, nunca se sabe. Não devemos desprezar os velhos métodos.