quarta-feira, 28 de julho de 2021

Real Love

 

I love you so much

Te amo num rompante

I want you so hard

Te quero de verdade

I need you so strong

Preciso do seu nome

No meu telefone

Call me

Vê se não some

Why don’t you come?

Por que não?

Me dá sua mão

Come on

terça-feira, 20 de julho de 2021

Sobre meditar

 

Inspire... Expire... E não pense em nada. Certo? Errado. Meditação não é sobre não pensar em nada: é muito mais sobre não se prender a nenhum pensamento e deixar fluir. Mas leva um tempo até entender isso, especialmente na prática.

Comecei a meditar junto com a prática de yoga, em 2018, após uma crise de ansiedade. Senti que aquilo poderia me ajudar, me daria a paz de que necessitava. Depois se tornou um ritual diário: medito todas as manhãs e/ou noites. Pelo menos uns cinco minutinhos pra começar bem o dia ou pra ir dormir mais tranquila. Costumo fazer a meditação guiada ou o Hoponopono no japamala (uma espécie de terço indiano). E realmente me ajuda muito, já consigo diminuir o nível de estresse e encontrar meu eixo com mais facilidade.

Porém, isso não quer dizer que o exercício, tão saudável para o corpo e o espírito, não envolva os seus desafios. No início, parece que o tempo não passa e que não vai funcionar. Quando o instrutor fala pra relaxar e aquietar os pensamentos, abrir mão do controle e não fazer esforço, já bate aquele desespero: mas, gente, como faz isso? Socorro!

Quem me conhece superficialmente acredita que eu sou super tranquila e por isso tenho facilidade com esse tipo de prática. A verdade é que posso ser bastante impaciente e impulsiva (quem nunca?) e justamente por isso preciso meditar. “Ah, não tenho paciência pra essas atividades paradas...”. É pra esse tipo de pessoa que a prática é mais útil. Pra todos, na verdade. Mas com calma. Sem pressão. Vai no seu tempo. Até porque meditar não é só sentar em postura meditativa. É possível meditar lavando a louça, limpando a casa, ouvindo música... Meditar é ter atenção plena. Viver o momento presente. Bonito, não é? Não custa tentar, pois só faz bem.

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Resenha: Ofício de escrever

 

Ofício de Escrever, de frei Betto, trata do ato da escrita com uma leveza e sensibilidade incríveis. O religioso, acadêmico e militante escritor nos fala sobre por que escreve, como é sua rotina, seus autores preferidos e alguns de seus métodos. Enquanto muitos artistas exaltam o sofrimento, como se escrever fosse quase uma maldição, frei Betto afirma que escreve “para ser feliz”, e vai além: “se consegue ser feliz sem escrever, talvez sua vocação seja outra”.

Ele nos consola ao lembrar que vários autores hoje considerados clássicos, como Shakespeare, Tolstói, Flaubert, Baudelaire e Dickens, receberam críticas negativas em sua época, inclusive de outros grandes autores. Não se pode mesmo agradar a todos... Frei Betto exalta a poesia de Adélia Prado e considera a literatura como a mais sagrada das artes, enquanto a música seria a mais sublime. Em sua visão, a literatura não precisa ser engajada, mas é sempre subversiva. E menciona autores que apoiaram regimes ditatoriais, mas, ainda assim, inspiraram os leitores com sua arte. Fala ainda sobre Cervantes, que morreu no mesmo dia de Shakespeare, e se questiona: “Onde andarão os Cervantes capazes de derrotar com a sua pena aqueles que nos miram com as suas armas?”.

Por fim, relata uma conversa belíssima que teve com um sem-teto durante uma ação solidária em que explica com simplicidade sobre a magia da leitura. Segundo frei Betto, a literatura serve para ler melhor o “livro da vida, cujos autores e personagens somos nós”. Amém.

quarta-feira, 14 de julho de 2021

segunda-feira, 5 de julho de 2021

Resenha: Amar, verbo intransitivo

 

Pra começar, adoro esse título, bastante lírico. E já apresenta a tese do livro: amar é um verbo intransitivo, ou seja, não precisa de objeto. Ama-se e pronto. O romance é classificado pelo autor, o modernista Mário de Andrade, como um “idílio” – segundo o dicionário, “amor terno e delicado”.

 

Nessa história, um pai de família contrata uma governanta alemã para iniciar sexualmente seu filho de quinze anos. Assim, além das aulas de alemão, Fraülein é responsável por ensinar Carlos sobre as etapas da conquista e da sedução. O pai acredita que é melhor que isso ocorra dentro de casa do que na rua, em qualquer lugar, com “qualquer uma”, de maneira irresponsável. Aqui já podemos compreender os costumes (hipócritas) da época, os anos 1920. Carlos, como é próprio de sua idade, é tomado pelos arroubos da paixão por Fraülein, mas isso logo passa quando ela cumpre sua função e vai embora. Mais tarde, os dois se reencontram por acaso e ela já está acompanhando o jovem de outra família enquanto ele passeia com uma namorada – provavelmente uma “moça de família” com quem pode acabar se casando.

 

O mais interessante no livro é como o tema do amor e da paixão é tratado de modo filosófico e, ao mesmo tempo, pragmático. Fraülein não é apresentada como uma simples prostituta: trata-se, inclusive, de uma mulher culta e experiente. Ela realmente leva a sério o seu trabalho, o de ensinar a arte de amar. Percebemos também a efemeridade das paixões adolescentes e a condição dos estrangeiros no Brasil, a alemã na condição de governanta e um japonês também como empregado da casa. Vale a pena ler esse clássico da literatura brasileira para acessar a linguagem experimental de Mário de Andrade e refletir sobre a intensidade das primeiras paixões.

sábado, 3 de julho de 2021

Sobre os nossos preconceitos

 

Recentemente, li numa pesquisa francesa que a maior parte das pessoas considera que ainda existe racismo no país, mas nenhum dos entrevistados se admitiu racista. Acredito que no Brasil o resultado seria o mesmo. E aí, bem, a conta não bate, né? Ah, é o racismo estrutural, é um problema da sociedade. E não fazemos todos parte dela? Então somos todos racistas? Em alguma medida, sim, é o que o conceito significa. Mas calma que sempre dá pra piorar. Ops, eu quis dizer melhorar. Às vezes a ironia fala mais alto. Outras vezes ela grita.

A questão é que não podemos ser ingênuos ou cínicos a ponto de acreditar que o preconceito parte sempre do outro. Senão nos tornamos todos alecrins dourados que acabaram de ser semeados no campo recém-arado do alto da colina (o que eu disse sobre a ironia?). Por mais difícil que seja, o primeiro passo pra nos tornarmos uma sociedade melhor é nos tornarmos pessoas melhores. E pra isso precisamos revisitar as nossas sombras e rever os nossos próprios preconceitos.

É necessário um esforço de desconstrução de velhas ideias e reelaboração de novos argumentos. Esse esforço é individual e coletivo, começa na auto-observação e continua no diálogo (ou vice-versa). Afinal, ninguém muda o mundo sem mudar a si mesmo, a não ser um ditador em potencial.

 

P.S.: Juro que não tenho nada contra homens cis hétero e brancos. Até tenho amigos que são (alerta final de ironia).