Recentemente, vi o filme
indicado ao Oscar “Meu Pai”, com Anthony Hopkins. A obra nos transporta à
confusão mental vivenciada por um idoso com Alzheimer. Ele mistura rostos e
nomes, lugares e fatos, sem conseguir se situar no tempo e no espaço. É um
processo bastante sofrido para o doente e seu entorno. Fiz uma associação com o
livro “A Profecia Celestina”, presente de um amigo querido, que terminei há
pouco tempo também. No início do livro, que propõe uma espécie de despertar
espiritual, o protagonista observa as estranhas coincidências que ocorrem em
sua vida e explica como tudo parece conduzi-lo a seu destino. Assim, pessoas e
situações vão lhe guiando para as próximas etapas de seu aprendizado.
Se pararmos pra pensar, a
vida é isso mesmo: uma série de acontecimentos que vão se conectando e pessoas
que vamos encontrando para diversos tipos de trocas de experiência. O que
acontece quando a gente adoece? Todos os dias parecem meio iguais porque
fugimos da nossa rotina. Tendemos a nos sentir inúteis, parasitas sociais. O
mundo fica esquisito, um lugar inseguro porque não estamos bem e não
conseguimos mais estabelecer conexões com lugares, coisas e pessoas como antes.
É isso o que acontece com Anthony no filme. Então, ele mergulha em sua própria
mente e se perde em sua confusão interior. Se pudesse ainda confiar na palavra
da filha e das enfermeiras que cuidam dele, será que seu quadro não melhoraria
e ele conseguiria obter certa qualidade de vida nos anos que lhe restam?
Não quero aqui ser cruel
e culpabilizar a pessoa doente. Trata-se de um processo inconsciente e muito,
muito sofrido. Essas pessoas devem ser acolhidas e bem tratadas. Porém, o meu
ponto é: não seríamos pessoas muito melhores, uma sociedade muito melhor se
simplesmente confiássemos mais um nos outros, se nos entregássemos ao fluir
natural da vida, aceitando as mudanças e novas perspectivas que se abrem aos
nossos horizontes? O mesmo amigo que me deu o livro disse, em certa ocasião,
uma frase interessante: “O Universo nos providencia as ferramentas que
precisamos pra nossa evolução”. E é verdade, se a gente passar a reparar. Mas
você confia em mim, cara(o) leitor(a)? Espero que sim. Porque precisamos disso.
Ainda mais nesse momento histórico que vivemos. Precisamos confiar que vai
passar, mas por enquanto ainda temos que nos proteger, cuidar da gente e dos
nossos. Confie. Vai passar sim. Assim que cada um fizer a sua parte.