quarta-feira, 20 de julho de 2022

Amizade

 

A amizade é um presente

A amizade é dar presente

A amizade é estar presente

Até virar presunto


20/07 - Dia do Amigo 💗😀

sábado, 9 de julho de 2022

Água parada

 

As palavras me perpassam, me transpassam, me transbordam. As palavras me acalentam, me alimentam, me sufocam. As emoções se escondem, fogem, se apertam dentro de mim. Meu coração é rio e eu sou represa, ainda tão presa ao pensamento, apesar de tudo. Meu corpo é cachoeira e eu fecho a torneira, paro, travo, acabo e não me acabo. Mas cada vez menos. Cada vez menos me importo, cada vez mais sou porto e faço as pazes com meu corpo, com minha mente, que tanto sente e se ressente, mas, no fundo, se reconhece potente. Sou ser vivente e brincante, uma grande amante da arte de viver.

Linguagem não-verbal

 A linguagem não-verbal ainda é uma dificuldade pra mim. Sei que o corpo também é texto, mas me sinto uma analfabeta funcional ao tentar lê-lo. Pior ainda, sê-lo. Paro, hesito, não confio em meus instintos, não me entrego fácil, por medo de falhar, de me machucar. Prefiro o caminho seguro, o risco controlado: ainda não tirei as rodinhas da bicicleta. Esqueço, porém, de olhar os progressos: a busca em si já é o processo. Tanto encanto pelo caminho, e aquele tantinho de dor. Sou maior do que já fui, e olha que ainda espicho mais! Sou capaz. Não nasci com o molde errado: tenho a medida certa pra minha felicidade. E verdade seja dita: sou tão bonita em meu jeito estabanado de me colocar no mundo. Quanto mais me permito me perder, mais me encontro.

sexta-feira, 8 de julho de 2022

Resenha: Um encontro no rio dentro do rio

 

“Um encontro no rio dentro do rio”, de Tania Afonso Chaves, é um livro intimista, de muitas (auto)descobertas e metáforas bonitas. Tudo começa quando Valentina decide escrever um livro. Nesse processo, ela se reencontra consigo mesma, especialmente quando decide viver na floresta com sua filha, Aurora Boreal. Através do contato com a natureza e com ajuda da sabedoria da velha Josefina, ela se liberta de antigos padrões e consegue dar forma à sua história.

Valentina cresceu num mundo “encaixotado”, pois esse era o trabalho de seu pai, muito metódico, realista. Perto de sua morte, ela diz: “Papai, obrigada pela ética, pelo compromisso, pelo senso de responsabilidade. Sigo com eles, deixo as caixinhas para trás”.

Já quando está vivendo na cabana com sua filha, ela confidencia em uma carta à mãe: “É, dona Beneditina, não tenho mais tempo para distrações. No cotidiano, não me permito mais excesso de tarefas ou me entorpecer para não acessar as emoções. Estou criando espaços e tempos para me deitar na grama, caminhar, meditar junto ao caquizeiro”.

Aurora Boreal, através de seu olhar puro de criança, também lhe ensina muito. Ela observa a natureza e enxerga universos, contesta as convenções, ao querer se vestir de sunga, em vez de biquíni, gosta de “ser gente” e tem o espírito aventureiro. Valentina relata: “O olhar dela é como um farol me apontando direções”.

Ao longo de seu breve, porém intenso e sensível relato, a protagonista nos conta dos desafios e dos encantos de estar em contato não só com a natureza externa, mas especialmente com a interna. E nos encantamos e nos redescobrimos junto com ela, compartilhando de seu amor pelos livros e pelas pessoas.

O romance está à venda pelo site da Amazon e vale muito a pena a leitura!

Sobre razão e emoção

 

Sou uma pessoa muito racional. Meu processo de escrita é bastante consciente. Não demonstro minhas emoções com facilidade. Quase nunca choro. No entanto... Quem me conhece sabe que isso é apenas a casca. A verdade é que sou toda coração. Minha escolha profissional foi feita com paixão. Me empolgo com tudo e todos. Me apaixono perdidamente ou nem quero saber de ninguém. Estou sempre em combustão por dentro, ainda que por fora pareça a calma e a seriedade em pessoa.

Outro dia estava conversando com uma amiga. Sobre como sentimentos são difíceis de administrar e, muitas vezes, nos atrapalham. Pelo rumo que a conversa tomou, chegamos à conclusão de que pessoas aparentemente muito racionais escondem uma grande intensidade e sensibilidade. A gente tem medo de se machucar e aciona logo nossas defesas. Ao mesmo tempo, não nos conformamos com relações líquidas. A gente quer profundidade pra mergulhar. Será que existe um limite saudável entre o amor próprio e a entrega? Deve existir.

Penso no meu professor de dança, que é uma das pessoas mais emocionadas que conheço. Não pronuncia duas frases completas sem embargar a voz. Acho lindo isso! O mundo precisa de gente que não tenha vergonha de chorar. Que não considere fraqueza demonstrar seus sentimentos. Água parada faz a gente adoecer. Sei por experiência própria. Então transbordemos. Façamos arte, música, dança, literatura. Somos seres emocionais. Sinto, logo existo. A razão pode vir depois, como complemento, para organizar a casa. Mas, primeiro, vamos nos permitir pulsar. Combinado?

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Não é amor?

 

Só é amor se for do meu jeito

Só é amor se for aquela pessoa

Só é amor se passar no teste

Só é amor se passar o tempo

Só é amor quando eu decidir que é

Só é amor quando fizer sentido

Só é amor quando se declarar

Só é amor quando pôr em prática

Só é amor quando não for mais amor

Só é amor se for assim

Só é amor se for assado

Mas quanto amor já não existe

Nesse suposto desamor

 

P.S.: Favor relativizar o poema e não romantizar migalhas.

segunda-feira, 4 de julho de 2022

Resenha: Refrão sobre nós

 

Em “Refrão sobre nós”, um grupo de amigas e um amigo se reúnem para seu encontro anual no mesmo bar de sua cidade natal. A conversa acaba evoluindo para grandes confissões sobre suas experiências sexuais. Assim, acompanhamos relatos sobre relações no trabalho, com desconhecidos na rua ou em festas, jogos de dominação, ménage à trois, troca de casais e muito mais.

O desejo feminino é protagonista das diversas histórias. Num dos diálogos, o marido de Eliandra diz:

“Isso aqui – Roberto falou enfiando o dedo na minha boceta sensível. – Tem dono. Você sabe de quem é isso?

– É seu. – Respondeu o estranho.

– Não... É dela. – Ele me virou para ele e me beijou na boca. – A decisão é dela, o corpo e o desejo são dela.”

Nas pausas entre as confissões, as amigas também falam sobre machismo, convenções, monogamia e relacionamento aberto e feminicídio. Uma delas, Heloísa, está ausente e o motivo é mantido em segredo até o fim do livro: sua história é bastante impactante, trágica e infelizmente comum a muitas mulheres.

Como num bom livro erótico, os relatos são excitantes, nos mostram diversas maneiras de sentir prazer e como não temos ideia do que aquela amiga calada faz para se divertir nas horas vagas ou que aquela outra certinha gosta de uma transgressão na cama. Como dizia Nelson Rodrigues: “Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém”. No entanto, em “Refrão sobre nós”, a contação de histórias parece unir ainda mais as amigas, que passam a se conhecer melhor, a acessar um lado desconhecido de si mesmas. Falar sobre sua intimidade permite que elas deem livre expressão ao seu desejo – e por que deveriam se envergonhar disso?

Mas o livro vai além e nos faz refletir sobre temas sociais. Em determinado momento, Camila resume: “A questão é que nós não somos livres: sejamos solteiras, sejamos casadas. Solteiras, nossas ações são julgadas pela sociedade; casadas, pior ainda”. Em outra ocasião, Caroline aponta: “Quantas de nós passamos por situações de violência e nem percebemos? Violência contra mulher não é apenas a agressão física, o tapa. Quantas nós transamos sem vontade, porque sentimos que temos essa obrigação? Isso é um tipo de violência”.

Enfim, não é difícil se identificar em alguma medida com os temas das conversas, quando se é mulher, ou tentar entender as situações pelas quais as mulheres passam, quando se é homem. O romance pode ser excitante para ambos os sexos e, o mais importante, nos faz naturalizar e respeitar as múltiplas formas de exercer sua sexualidade.

“Refrão sobre nós” é um romance de Talita Bueno, está em pré-venda pela editora Magnólia e também disponível em formato de ebook pela Amazon.

Trecho de "Dançando na Varanda"

 


"Dançando na Varanda" está disponível para compra no site da editora Flyve, em formato ebook pela Amazon e agora estará na Bienal de São Paulo, estande 88.


sábado, 2 de julho de 2022

LGBT

 Livre

Genuíno

Belo

Transgressivo


E tantas outras letras

Siglas

Palavras

Categorias

Identidades

Sem rótulos


Que haja respeito

Pela luta

De quem só quer

Garantir seu direito

De existir



Imagem: Mandala lunar