A
amizade é um presente
A
amizade é dar presente
A
amizade é estar presente
Até
virar presunto
20/07 - Dia do Amigo 💗😀
A
amizade é um presente
A
amizade é dar presente
A
amizade é estar presente
Até
virar presunto
20/07 - Dia do Amigo 💗😀
As palavras me perpassam,
me transpassam, me transbordam. As palavras me acalentam, me alimentam, me
sufocam. As emoções se escondem, fogem, se apertam dentro de mim. Meu coração é
rio e eu sou represa, ainda tão presa ao pensamento, apesar de tudo. Meu corpo
é cachoeira e eu fecho a torneira, paro, travo, acabo e não me acabo. Mas cada
vez menos. Cada vez menos me importo, cada vez mais sou porto e faço as pazes
com meu corpo, com minha mente, que tanto sente e se ressente, mas, no fundo,
se reconhece potente. Sou ser vivente e brincante, uma grande amante da arte de
viver.
A linguagem não-verbal ainda é uma dificuldade pra mim. Sei que o corpo também é texto, mas me sinto uma analfabeta funcional ao tentar lê-lo. Pior ainda, sê-lo. Paro, hesito, não confio em meus instintos, não me entrego fácil, por medo de falhar, de me machucar. Prefiro o caminho seguro, o risco controlado: ainda não tirei as rodinhas da bicicleta. Esqueço, porém, de olhar os progressos: a busca em si já é o processo. Tanto encanto pelo caminho, e aquele tantinho de dor. Sou maior do que já fui, e olha que ainda espicho mais! Sou capaz. Não nasci com o molde errado: tenho a medida certa pra minha felicidade. E verdade seja dita: sou tão bonita em meu jeito estabanado de me colocar no mundo. Quanto mais me permito me perder, mais me encontro.
“Um encontro no rio
dentro do rio”, de Tania Afonso Chaves, é um livro intimista, de muitas
(auto)descobertas e metáforas bonitas. Tudo começa quando Valentina decide
escrever um livro. Nesse processo, ela se reencontra consigo mesma,
especialmente quando decide viver na floresta com sua filha, Aurora Boreal. Através
do contato com a natureza e com ajuda da sabedoria da velha Josefina, ela se
liberta de antigos padrões e consegue dar forma à sua história.
Valentina cresceu num
mundo “encaixotado”, pois esse era o trabalho de seu pai, muito metódico,
realista. Perto de sua morte, ela diz: “Papai, obrigada pela ética, pelo
compromisso, pelo senso de responsabilidade. Sigo com eles, deixo as caixinhas
para trás”.
Já quando está vivendo na
cabana com sua filha, ela confidencia em uma carta à mãe: “É, dona Beneditina,
não tenho mais tempo para distrações. No cotidiano, não me permito mais excesso
de tarefas ou me entorpecer para não acessar as emoções. Estou criando espaços
e tempos para me deitar na grama, caminhar, meditar junto ao caquizeiro”.
Aurora Boreal, através de
seu olhar puro de criança, também lhe ensina muito. Ela observa a natureza e
enxerga universos, contesta as convenções, ao querer se vestir de sunga, em vez
de biquíni, gosta de “ser gente” e tem o espírito aventureiro. Valentina
relata: “O olhar dela é como um farol me apontando direções”.
Ao longo de seu breve,
porém intenso e sensível relato, a protagonista nos conta dos desafios e dos
encantos de estar em contato não só com a natureza externa, mas especialmente
com a interna. E nos encantamos e nos redescobrimos junto com ela,
compartilhando de seu amor pelos livros e pelas pessoas.
O romance está à venda
pelo site da Amazon e vale muito a pena a leitura!
Sou uma pessoa muito racional. Meu processo de escrita é bastante consciente. Não demonstro minhas emoções com facilidade. Quase nunca choro. No entanto... Quem me conhece sabe que isso é apenas a casca. A verdade é que sou toda coração. Minha escolha profissional foi feita com paixão. Me empolgo com tudo e todos. Me apaixono perdidamente ou nem quero saber de ninguém. Estou sempre em combustão por dentro, ainda que por fora pareça a calma e a seriedade em pessoa.
Outro dia estava conversando com uma amiga. Sobre como sentimentos são difíceis de administrar e, muitas vezes, nos atrapalham. Pelo rumo que a conversa tomou, chegamos à conclusão de que pessoas aparentemente muito racionais escondem uma grande intensidade e sensibilidade. A gente tem medo de se machucar e aciona logo nossas defesas. Ao mesmo tempo, não nos conformamos com relações líquidas. A gente quer profundidade pra mergulhar. Será que existe um limite saudável entre o amor próprio e a entrega? Deve existir.
Penso no meu professor de
dança, que é uma das pessoas mais emocionadas que conheço. Não pronuncia duas
frases completas sem embargar a voz. Acho lindo isso! O mundo precisa de gente
que não tenha vergonha de chorar. Que não considere fraqueza demonstrar seus
sentimentos. Água parada faz a gente adoecer. Sei por experiência própria.
Então transbordemos. Façamos arte, música, dança, literatura. Somos seres
emocionais. Sinto, logo existo. A razão pode vir depois, como complemento, para
organizar a casa. Mas, primeiro, vamos nos permitir pulsar. Combinado?
Só é amor se for do meu jeito
Só é amor se for aquela pessoa
Só é amor se passar no teste
Só é amor se passar o tempo
Só é amor quando eu decidir que é
Só é amor quando fizer sentido
Só é amor quando se declarar
Só é amor quando pôr em prática
Só é amor quando não for mais amor
Só é amor se for assim
Só é amor se for assado
Mas quanto amor já não existe
Nesse suposto desamor
P.S.: Favor relativizar o poema e não romantizar migalhas.
Em “Refrão sobre nós”, um
grupo de amigas e um amigo se reúnem para seu encontro anual no mesmo bar de
sua cidade natal. A conversa acaba evoluindo para grandes confissões sobre suas
experiências sexuais. Assim, acompanhamos relatos sobre relações no trabalho,
com desconhecidos na rua ou em festas, jogos de dominação, ménage à trois,
troca de casais e muito mais.
O desejo feminino é protagonista
das diversas histórias. Num dos diálogos, o marido de Eliandra diz:
“Isso aqui – Roberto falou
enfiando o dedo na minha boceta sensível. – Tem dono. Você sabe de quem é isso?
– É seu. – Respondeu o
estranho.
– Não... É dela. – Ele me
virou para ele e me beijou na boca. – A decisão é dela, o corpo e o desejo são
dela.”
Nas pausas entre as confissões,
as amigas também falam sobre machismo, convenções, monogamia e relacionamento
aberto e feminicídio. Uma delas, Heloísa, está ausente e o motivo é mantido em
segredo até o fim do livro: sua história é bastante impactante, trágica e
infelizmente comum a muitas mulheres.
Como num bom livro
erótico, os relatos são excitantes, nos mostram diversas maneiras de sentir
prazer e como não temos ideia do que aquela amiga calada faz para se divertir
nas horas vagas ou que aquela outra certinha gosta de uma transgressão na cama.
Como dizia Nelson Rodrigues: “Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos
outros, ninguém cumprimentaria ninguém”. No entanto, em “Refrão sobre nós”, a
contação de histórias parece unir ainda mais as amigas, que passam a se
conhecer melhor, a acessar um lado desconhecido de si mesmas. Falar sobre sua
intimidade permite que elas deem livre expressão ao seu desejo – e por que
deveriam se envergonhar disso?
Mas o livro vai além e
nos faz refletir sobre temas sociais. Em determinado momento, Camila resume: “A
questão é que nós não somos livres: sejamos solteiras, sejamos casadas.
Solteiras, nossas ações são julgadas pela sociedade; casadas, pior ainda”. Em
outra ocasião, Caroline aponta: “Quantas de nós passamos por situações de
violência e nem percebemos? Violência contra mulher não é apenas a agressão
física, o tapa. Quantas nós transamos sem vontade, porque sentimos que temos
essa obrigação? Isso é um tipo de violência”.
Enfim, não é difícil se identificar
em alguma medida com os temas das conversas, quando se é mulher, ou tentar
entender as situações pelas quais as mulheres passam, quando se é homem. O
romance pode ser excitante para ambos os sexos e, o mais importante, nos faz
naturalizar e respeitar as múltiplas formas de exercer sua sexualidade.
“Refrão sobre nós” é um
romance de Talita Bueno, está em pré-venda pela editora Magnólia e também
disponível em formato de ebook pela Amazon.
Livre
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Belo
Transgressivo
E tantas outras letras
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Que haja respeito
Pela luta
De quem só quer
Garantir seu direito
De existir