“Amarração de amor: pagamentos após resultados”, de Bruno Couto, é,
obviamente, um livro sobre amor. Em especial, sobre as dores do amor, o
rompimento, o abandono, a rejeição. Aquele amor que gostaríamos de preservar,
de “amarrar” por magia para que não escapasse. Afinal, como nos diz o próprio
autor no prefácio, estar apaixonado é humilhante.
Ao longo de vários poemas curtos, frases, conversa de Whatsapp, reflexões
e desabafos, Bruno nos guia pelas etapas do enamoramento, do encanto à
exclusão. Tudo começa com um áudio da Marisa Monte enviado pelo ser amado que
faz tão bem ao eu-lírico. Depois, há uma série de dúvidas, questionamentos,
perguntas sem resposta. Passa-se pelo êxtase, pelo jogo erótico, pelo
sofrimento, pela solidão, pela recordação, pela vontade de esquecer.
Bruno também nos fala sobre ser homossexual e ter sua sexualidade
reprimida pela culpa que a sociedade preconceituosa o faz sentir, até o momento
de sua aceitação e livre expressão. Esse tema já aparece no primeiro poema: “A
jornada do herói”, em que o eu-lírico conta como se descobriu gay, ou “bicha”, como o
próprio autor coloca. O tema é retomado em “Viado de máscara” e “A bicha que
mora em mim”, em que rediscute clichês sobre o que seria considerado “coisa de
viado”.
Quanto à linguagem, é possível apreciar um lirismo do cotidiano, simples
e profundo. O autor utiliza elementos da cultura popular, como “um dia de
princesa, com Netinho de Paula”, Claudia Leite e Lady Gaga, diálogo de
Whatsapp, rituais de candomblé, paisagens cariocas, enfim, recortes da
realidade rotineira que nos fazem nos identificar ainda mais com o eu-lírico.
Por fim, deixo aqui duas frases do livro para nos fazer refletir: “O oposto
do rancor é saudade” e “deus é a dor que a gente acostuma”.
Referência
COUTO, Bruno. Amarração de amor: pagamentos após resultados. Cotia:Urutau, 2022.