Desculpa
Mas essa culpa
Não me serve mais
É roupa que não cabe
Sapato que aperta
Dessa prisão
Estou liberta
E até te entrego
A chave
Fica à vontade
Solte-se
Se for capaz
Desculpa
Mas essa culpa
Não me serve mais
É roupa que não cabe
Sapato que aperta
Dessa prisão
Estou liberta
E até te entrego
A chave
Fica à vontade
Solte-se
Se for capaz
A você que já teve ou está tendo
uma forte crise emocional, senta, me dá a mão, olha nos meus olhos e ouve: vai
passar. Eu sei que parece que não vai. Sei que você só quer que a dor pare, vá
embora e te deixe em paz porque é insuportável e você não merece isso. Não,
você não merece. Você não fez nada de errado. Tá tudo bem. Você é apenas
humano. Só você sabe o que sente. E é legítimo sentir. Mas vai passar. Não lute
contra a dor, entregue-se a ela. Não tente represar a emoção, estancar a
ferida: transborde, sangre, se desmanche em poesia, dança, canto, abraços,
choros e risos. Vai passar e você vai se fortalecer. Acredite. Você não está
sozinha. Conte com quem puder. Confie. Veja o melhor nas pessoas. Veja o melhor
em você. Você é forte! Você é foda! Mesmo quando está frágil. Principalmente
quando está frágil. Afinal, você é apenas humano. E isso não é pouca coisa!
A pisciana é um ser etéreo. Nem
sempre parece estar aqui, nesse planeta, apesar de viver intensamente conectada
com toda energia ao seu redor. É como uma esponja emocional, podendo absorver
as sensações das pessoas com quem convive. Por isso seu nível de empatia é
elevado. Ela consegue compreender e compartilhar das dores e alegrias
universais. Ajuda muita gente com esse dom. Mas também fica exausta, porque de
vez em quando se sente sugada por completo, precisando de longas pausas para se
recompor.
Ela se encanta com tudo e encanta a
todos com seu jeitinho leve de encarar a vida. Passeia pelos mais diferentes
universos e só tem que tomar cuidado pra não se perder na fantasia, terreno
muito sedutor para alguém de alma tão sensível. Quando consegue dominar-se e
transitar pelos portais de sua imaginação, ciente do caminho de volta para a
realidade, torna-se dona de invejável criatividade e inesgotável vontade de
viver. Por possuir um mundo interior tão rico, sua interpretação das coisas e
situações costuma ser singular. Está sempre pronta para amparar amigos e
desconhecidos em situações de dificuldade, é boa em aconselhar, gerenciar
conflitos e resolver qualquer questão que exija habilidades emocionais.
Não diga a uma pisciana pra “deixar
de sonhar tanto” ou “cair na realidade”, pois isso a magoa profundamente. Explique
que também é preciso ser prática às vezes e ofereça ajuda com essas questões. Também
não pense que ela é boba de acreditar em tudo e todos o tempo todo, pois,
apesar de seu corriqueiro otimismo, ela sabe se situar, vai aprendendo a se
proteger. Uma pisciana ferida e desiludida pode ser cruel e amarga, mas
dificilmente escolhe magoar alguém. Ela costuma esquecer rápido e perdoar fácil,
pois sabe que assim será mais feliz. Ama muito, sofre muito, se recupera logo,
transborda e deixa fluir. É preciso muita imaginação para amar uma pisciana.
No filme francês “Eu não sou um homem fácil”,
imaginamos um mundo em que os papéis de gênero estão invertidos. Assim, as
mulheres se encontram em posição de poder e ganham maiores salários, têm maior
liberdade sexual e assediam os homens na rua. Estes ficam em casa cuidando dos
filhos, da casa, das necessidades das esposas e, se sobra tempo, também investem
em suas carreiras. Isso quando não se prostituem ou dançam seminus em boates.
Tá rindo? Eu também, afinal, é uma comédia. Mas por que a gente ri desse tipo
de situação? Porque é ridículo. Irreal. Absurdo. E a sociedade, como está?
Dizem
que a melhor forma de identificar um preconceito é tentar inverter a situação:
e se fosse um homem? Uma pessoa branca? Hétero? Você diria a mesma coisa? Faria
os mesmos comentários? Julgaria com o mesmo peso? Imagina só: “Aquele cara é
esquisito, ele só gosta de cerveja, futebol... Sei não, mas meu heterodar tá
apitando!”. Ou ainda: “Mas você é mulher e quer ter filhos? Já pensou na despesa,
no trabalho que vai dar?”. Não são coisas que normalmente ouvimos por aí,
certo?
Eu e
minhas amigas bem que buscamos nossa pequena vingança ao objetificar homens ou
fazer comentários do tipo: “Que estressado, deve ser a andropausa precoce!” e “Relaxa, ele
é homem, a falta de noção vem no pacote”. Aliás, vingança não. Justiça
histórica, só isso. Mas, claro, sabemos que não adiantaria nada simplesmente
inverter os papéis, como nos mostra o filme que citei, ou exercer uma falsa
militância que só visa a autopromoção (alô, BBB!). Porém, isso nos faz
refletir... O quão longe ainda estamos de alcançar uma sociedade mais integrada
e democrática, já que discursos de ódio se disseminam por todos os lados. Mesmo
assim, parece que já é menos distante do que antes. Gosto de ser uma realista esperançosa,
como nos propõe Ariano Suassuna. E adoro o riso crítico, ele é catártico e
transformador.
P.S.: Juro que não tenho nada contra homens brancos
heterossexuais. Até tenho amigos que são.
De tanto
tentar encaixar
Bola em
fôrma de quadrado
Meu mundo
ficou bagunçado
Mas o
pensamento alado
Não se fez
de rogado
E logo foi
buscar
O seu
quadrado
De linhas
tortas
Todas
portas
Pro
aprendizado