domingo, 4 de setembro de 2022

Resenha: Amarração de amor

 

“Amarração de amor: pagamentos após resultados”, de Bruno Couto, é, obviamente, um livro sobre amor. Em especial, sobre as dores do amor, o rompimento, o abandono, a rejeição. Aquele amor que gostaríamos de preservar, de “amarrar” por magia para que não escapasse. Afinal, como nos diz o próprio autor no prefácio, estar apaixonado é humilhante.

Ao longo de vários poemas curtos, frases, conversa de Whatsapp, reflexões e desabafos, Bruno nos guia pelas etapas do enamoramento, do encanto à exclusão. Tudo começa com um áudio da Marisa Monte enviado pelo ser amado que faz tão bem ao eu-lírico. Depois, há uma série de dúvidas, questionamentos, perguntas sem resposta. Passa-se pelo êxtase, pelo jogo erótico, pelo sofrimento, pela solidão, pela recordação, pela vontade de esquecer.

Bruno também nos fala sobre ser homossexual e ter sua sexualidade reprimida pela culpa que a sociedade preconceituosa o faz sentir, até o momento de sua aceitação e livre expressão. Esse tema já aparece no primeiro poema: “A jornada do herói”, em que o eu-lírico conta como se descobriu gay, ou “bicha”, como o próprio autor coloca. O tema é retomado em “Viado de máscara” e “A bicha que mora em mim”, em que rediscute clichês sobre o que seria considerado “coisa de viado”.

Quanto à linguagem, é possível apreciar um lirismo do cotidiano, simples e profundo. O autor utiliza elementos da cultura popular, como “um dia de princesa, com Netinho de Paula”, Claudia Leite e Lady Gaga, diálogo de Whatsapp, rituais de candomblé, paisagens cariocas, enfim, recortes da realidade rotineira que nos fazem nos identificar ainda mais com o eu-lírico.

Por fim, deixo aqui duas frases do livro para nos fazer refletir: “O oposto do rancor é saudade” e “deus é a dor que a gente acostuma”.


Referência

COUTO, Bruno. Amarração de amor: pagamentos após resultados. Cotia:Urutau, 2022.


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