Nosferatu é o remake de um clássico filme de terror de 1922. Há quem prefira a versão original, que, confesso, ainda não assisti. Porém, a produção de 2024 tem lá o seu charme e está concorrendo em quatro categorias do Oscar: melhor figurino, design de produção, fotografia, maquiagem e cabelo. De fato, a reconstituição dos cenários e figurinos de época é impecável.
A história é livremente inspirada no romance Drácula, de Bram Stoker, e se passa nessa mesma época – meados do século XIX. Lily-Rose Depp (sim, a filha do Johnny Depp) está muito bem no papel da mocinha Ellen, atormentada por pesadelos horríveis, o pressentimento de uma ameaça que se aproxima. Por ignorância da época, ela é tratada como uma “histérica”, medicada e sedada. Apesar de ter uma relação de amor e companheirismo com o marido, Thomas, nem ele parece levar seus supostos delírios a sério. Por isso, não hesita ao aceitar fechar um novo negócio com o conde Orlok, dirigindo-se ao seu castelo distante e isolado (é uma cilada, Bino).
Durante a ausência do marido, Ellen se hospeda na casa dos amigos Anna e Friedrich. Anna é muito gentil e compreensiva com a amiga, o que lhe traz certo conforto. Já Friedrich, por outro lado, vê sua presença como um incômodo. É claro que o conde Orlok, vulgo Nosferatu, vai até a cidade grande causar o terror, provocando uma espécie de epidemia mortal. E Ellen, que estava com a razão o tempo todo e ninguém acreditou (isso é ser mulher, em qualquer época), é a única que pode salvar a todos do extermínio. Pararei por aqui para não dar spoiler.
O filme é bastante sombrio e causa tensão. A figura do Nosferatu é assustadora, nojenta, mas ao mesmo tempo sedutora, por causa de seu poder maligno. O vampiro é simbolicamente associado aos tabus da sexualidade e da morte. Nosferatu encarna a corrupção, a repressão sexual – especialmente a feminina – e os desejos obscuros que tentamos negar. No fim, o monstro sempre reflete algo sobre nós.
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