Na maior parte do tempo, eu sei exatamente o que estou fazendo. Meu
pensamento é lógico e organizado, minha escrita é consciente, meu dia é
planejado. Sendo assim, costumo lidar mal com imprevistos e improvisações. A
dança me ensina bastante nesse sentido. Você pode estudar e dominar a técnica,
mas existe o lado da emoção, da entrega, do descontrole, do risco. Você não
pode pensar demais, tem que agir, fazer movimentos no tempo certo da música. Se
esqueceu o passo, não pare, improvise, pegue o próximo, está tudo bem. Não
pare. Faça pausas nos momentos certos, mas não pare.
Costumo travar em situações de perigo, medo, insegurança ou qualquer
catástrofe iminente. É assim que entro em crise. Se sou traída, dispensada,
maltratada, assaltada, assassinada, como já fui. Paraliso. Entro em pane. Não
sei lidar. É muita coisa pra processar e eu preciso ficar bem, ser produtiva, tenho
uma agenda a cumprir, não tenho tempo pra sentimentos baratos. Só que escolher
não sentir acaba saindo muito caro. Na fantasia que crio, de alguma forma
superdimensiono a dor. Tudo parece bem pior do que na realidade. Fico me
punindo por um crime que não cometi. Mas hoje eu pago a minha fiança.
Porque hoje eu tenho a dança. E, mesmo que tudo esteja desmoronando, sei
que posso continuar. Não pare. Não se preocupe se tudo não sair perfeito, do
jeito que você imaginou. Vai. Arrisque um novo passo. Ouça a música. Deixe seu
corpo responder. Respire. Continue. A vida é um palco. Entramos em cena, muitas
vezes, sem preparação. Às vezes a gente cai, erra ou mesmo paralisa. Mas a
música continua e, no nosso tempo, no nosso ritmo, do nosso jeito, voltamos a
dançar. Bom espetáculo!
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