sábado, 3 de julho de 2021

Sobre os nossos preconceitos

 

Recentemente, li numa pesquisa francesa que a maior parte das pessoas considera que ainda existe racismo no país, mas nenhum dos entrevistados se admitiu racista. Acredito que no Brasil o resultado seria o mesmo. E aí, bem, a conta não bate, né? Ah, é o racismo estrutural, é um problema da sociedade. E não fazemos todos parte dela? Então somos todos racistas? Em alguma medida, sim, é o que o conceito significa. Mas calma que sempre dá pra piorar. Ops, eu quis dizer melhorar. Às vezes a ironia fala mais alto. Outras vezes ela grita.

A questão é que não podemos ser ingênuos ou cínicos a ponto de acreditar que o preconceito parte sempre do outro. Senão nos tornamos todos alecrins dourados que acabaram de ser semeados no campo recém-arado do alto da colina (o que eu disse sobre a ironia?). Por mais difícil que seja, o primeiro passo pra nos tornarmos uma sociedade melhor é nos tornarmos pessoas melhores. E pra isso precisamos revisitar as nossas sombras e rever os nossos próprios preconceitos.

É necessário um esforço de desconstrução de velhas ideias e reelaboração de novos argumentos. Esse esforço é individual e coletivo, começa na auto-observação e continua no diálogo (ou vice-versa). Afinal, ninguém muda o mundo sem mudar a si mesmo, a não ser um ditador em potencial.

 

P.S.: Juro que não tenho nada contra homens cis hétero e brancos. Até tenho amigos que são (alerta final de ironia).

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