Recentemente, li numa pesquisa
francesa que a maior parte das pessoas considera que ainda existe racismo no
país, mas nenhum dos entrevistados se admitiu racista. Acredito que no Brasil o
resultado seria o mesmo. E aí, bem, a conta não bate, né? Ah, é o racismo
estrutural, é um problema da sociedade. E não fazemos todos parte dela? Então
somos todos racistas? Em alguma medida, sim, é o que o conceito significa. Mas
calma que sempre dá pra piorar. Ops, eu quis dizer melhorar. Às vezes a ironia
fala mais alto. Outras vezes ela grita.
A questão é que não podemos ser
ingênuos ou cínicos a ponto de acreditar que o preconceito parte sempre do
outro. Senão nos tornamos todos alecrins dourados que acabaram de ser semeados
no campo recém-arado do alto da colina (o que eu disse sobre a ironia?). Por
mais difícil que seja, o primeiro passo pra nos tornarmos uma sociedade melhor
é nos tornarmos pessoas melhores. E pra isso precisamos revisitar as nossas
sombras e rever os nossos próprios preconceitos.
É necessário um esforço de
desconstrução de velhas ideias e reelaboração de novos argumentos. Esse esforço
é individual e coletivo, começa na auto-observação e continua no diálogo (ou
vice-versa). Afinal, ninguém muda o mundo sem mudar a si mesmo, a não ser um
ditador em potencial.
P.S.: Juro que não tenho nada contra
homens cis hétero e brancos. Até tenho amigos que são (alerta final de ironia).
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