segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Sobre prazer e dever

 

Hoje em dia, somos muito cobrados a ser produtivos o tempo inteiro. Afinal, tempo é dinheiro e o dinheiro move o mundo capitalista. Mas, claro, todo trabalhador tem direito a seu momento de lazer. E o que fazemos com isso? Inventamos outras atividades. Aprender um novo idioma, fazer aquele curso de costura, cozinhar, etc. Não que isso seja ruim, porém será que sobra espaço na nossa agenda pra de fato descansar?

Outro dia ouvi uma podcaster dizendo que era contra o conceito de “ócio criativo”. Afinal, não precisamos criar nada no nosso ócio. E viva o direito de ver porcaria na TV ou simplesmente ficar deitada olhando pro teto na nossa folga! Eu concordo, mas na base do “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Porque sou mestra em transformar lazer em dever.

Tenho tempo livre? Oba, vou ler! E depois vou resenhar o livro pro Insta. Ou então vou estudar, aproveito e adianto aquele exercício de italiano... Mas posso também ver um filme. Pra debater com o pessoal. Ou pra treinar o inglês. E por que as coisas precisam ter sempre um porquê? Quando me dou conta, a vida está tomada de tarefas. Não sei mais o que faço por puro prazer, só pra mim, sem uma razão lógica.

Trabalhar, estudar, socializar, tudo isso é importante. Só que a vida precisa de pausas. É aquela comidinha gostosa que a gente aprecia, o banho demorado, o cochilo da tarde, as conversas à toa com os amigos que dão um alívio e recarregam a nossa energia da semana. É preciso dar um tempo do utilitarismo e viver com mais leveza e descompromisso. Só um pouquinho, vai. Arranja um espaço na agenda. Vai valer a pena.

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