terça-feira, 12 de outubro de 2021

Sobre cicatrizes

 

Hoje é Dia das Crianças e pensei em publicar algo sobre o tema. Mas, na verdade, vou focar mais nos dramas da vida adulta do que nas alegrias da infância. Nas coisas que ficam pra trás e a gente esquece... Não sou uma pessoa nostálgica, longe disso, porém recordo com carinho os momentos de quando era pequena. Não tinha preocupações, os adultos resolviam todas as “coisas chatas” e a gente podia brincar sossegada. Acredito, no entanto, que o embrião de todas as dores, mágoas e mazelas já estavam ali. Amigos, família e depois a escola começaram a nos cobrar certos comportamentos e práticas. As responsabilidades aos pouquinhos iam surgindo, junto com uma série de expectativas alheias.

Isso se intensifica na adolescência e se consolida na vida adulta. O adulto é um ser cansado, calejado, cheio de cicatrizes. As obrigações muitas vezes nos sufocam e temos que tomar cuidado pra não esquecer de “brincar” com a criança interior, isto é, nos permitir momentos descontraídos de diversão, lazer, descanso. Senão, como costumo dizer, a vida vira uma eterna “to do list”.

Com todos os problemas e cicatrizes, gosto mais de ser adulta. Talvez porque tente valorizar o momento presente – que escolha temos senão viver o agora? Talvez porque, apesar de tudo, me sinto mais segura e confiante, consciente das minhas questões – fruto de anos de terapia. Talvez ainda porque saiba que a criança em mim nunca vai morrer de fato. Ainda sou aquela menina entusiasmada que gostava de calçar os sapatos altos da vovó e cantar. Procuro cuidar com carinho das minhas cicatrizes e manter o otimismo. E você? Também é um adulto-criança?

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