É clássico de quem se torna professor: quando eu era
pequena, brincava de dar aula pras bonecas. Tinha chamada e tudo! Quem não
respondesse, levava falta. Que bom que nenhuma nunca respondeu... Depois,
passei a dar aula pros meus parentes, no sítio do meu avô, de brincadeira. Era
uma maneira de reforçar o que aprendia na escola e a gente acabava se
divertindo. Eu era uma instrutora severa: já expulsei uma avó de sala e dava
nota baixa pro meu pai. Bem diferente da real professora que me tornaria, cuja
paciência os alunos vivem enaltecendo, quem diria.
Apesar de manifestar essa vocação desde a infância, nem
sempre quis dar aula. Escolhi Letras porque é assim que vejo o mundo, com
palavras. Mas, a princípio, pensava em escrever e trabalhar com revisão e
tradução. Eu era tímida, atrapalhada, achava que não tinha jeito pra lidar com
gente. Pela experiência de dar aulas pra minha família, talvez fosse melhor não
continuar mesmo, a não ser que trabalhasse num quartel. Porém, não, nada disso,
eu estava errada.
Me apaixonei pela sala de aula em 2012, quando obtive uma
bolsa de iniciação à docência e comecei a trabalhar no LICOM (Línguas para a
Comunidade) da UERJ, graças ao incentivo de uma amiga. Obrigada, Bia. Foi a primeira turma que assumi. Antes disso, havia
atuado como monitora no curso de inglês, acompanhando os professores nas
turmas, participando das conversações e tirando algumas dúvidas dos alunos. Era
diferente porque eu era uma ajudante, e não a responsável pela turma. De
repente, estava sozinha nessa função: preparar as aulas, explicar o conteúdo,
elaborar as provas e corrigir, tudo era papel meu. Claro, havia a orientação de
uma coordenadora, algumas reuniões com os outros bolsistas, onde podíamos
trocar. Mesmo assim, foi um novo desafio.
(Dançando na Varanda - Nicole Ayres)
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