sábado, 18 de julho de 2020

Autoperdão

Me perdoo por meus deliciosos defeitos, por meus delicados trejeitos, por meus confusos contextos, por meus parafusos soltos. Me perdoo por minha eventual tristeza, por não perceber minha real beleza, por ignorar minha magistral natureza, por achar que é minha a total certeza. Me perdoo por meu medo de achar que ainda é cedo e não pular do rochedo sem saber o fim do enredo. Me perdoo pelas promessas que não cumpri, pelos prazeres que fingi e pelos que não me permiti. Me perdoo por todos os erros que não cometi. Me perdoo pelas vezes que caí e me despedacei, pelos sonhos que pari e não criei, por tudo e todos que abandonei, pelos “bons modos” que, sob pressão, adotei. Agora que sei disso, hoje o meu compromisso é comigo, o meu coração é abrigo. Aprendi a dizer não e fiz as pazes com a solidão.

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