quinta-feira, 27 de março de 2025

Mulher contemporânea (microconto)

 Naquela manhã, como de hábito, servi o café pro  marido e pros filhos. Limpei a casa. Lavei roupa. Cuidei do jardim. Preparei a janta. Tudo parecia no lugar, exceto... eu. Foi então que acordei, aos gritos, empapada de suor. Sozinha, na minha cama de solteira. Ouvi um barulho, mas era apenas o meu gato. Suspirei aliviada e voltei a dormir.


* Microconto produzido durante uma oficina com a escritora argentina Cecilia Botana no CCJF em 22/03/25.

terça-feira, 25 de março de 2025

Resenha - O Papel de Parede Amarelo (conto)

📖✨ O Papel de Parede Amarelo é um conto de 1892 da escritora Charlotte Perkins Gilman – e continua mais atual do que nunca!

A protagonista, diagnosticada com “esgotamento nervoso”, é confinada em um quarto pelo marido (que também é médico) como parte de um “tratamento de repouso”. Sem poder ler ou escrever, ela se vê cada vez mais isolada e incompreendida. Sua única companhia? Um papel de parede amarelo que se torna uma obsessão. Aos poucos, ela começa a enxergar uma mulher presa por trás dele… Uma metáfora poderosa para sua própria condição.

💭 Com uma atmosfera gótica e um terror psicológico intenso, o conto expõe o silenciamento das mulheres e o desprezo pela saúde mental – algo que, infelizmente, ainda ecoa nos dias de hoje. Quantas vezes ouvimos que falta “força de vontade” para superar uma doença mental?

🔥 Como alguém que já enfrentou questões emocionais, me identifico profundamente com a narradora. Se me tirassem os livros e a escrita em um momento de fragilidade, eu também enlouqueceria! 😅

E você, já leu esse conto? Me conta nos comentários! 👇💛

quinta-feira, 20 de março de 2025

Crônica - Adaptável

 

💡 Minha terapeuta disse que sou extremamente adaptável. O que parece ótimo, né? Mas também tem seu lado complicado. Quando algo se torna muito difícil, minha tendência é… desistir.

Já pensei em trabalhar com tradução, mas, quando vi o trabalho e o sacrifício envolvidos, deixei pra lá. Dar aula em escola? Nem pensar. Fazer um curso no exterior? Seria incrível, mas a burocracia e os custos me fazem adiar sempre.

Outro dia, ouvi a escritora Luisa Geisler dizer, no podcast 30:Minutos, que não se considera inteligente (o que claramente não é verdade, porque ela é premiada!), mas sim persistente. Ela tentou o mestrado três vezes antes de passar. Eu? Teria desistido na segunda, achando que não era pra mim.

E tá tudo bem. São só formas diferentes de ser. Nenhuma é melhor que a outra, mas talvez a gente possa aprender um pouquinho com o oposto. E é pra isso que serve a terapia, né? 😂

E você? Se considera mais adaptável, persistente ou outra coisa? Me conta nos comentários! 👇✨

#Reflexões #Autoconhecimento #Terapia #Crônica

domingo, 16 de março de 2025

Resenha - O Brutalista (filme)

 

🏆 O Brutalista recebeu 10 indicações ao Oscar e levou 3 prêmios: Melhor Ator (Adrien Brody), Melhor Fotografia e Melhor Trilha Sonora Original. Mas será que merecia mais? Para muitos, sim – inclusive o de Melhor Filme, que ficou com Anora.

🎬 A trama acompanha László Tóth, um arquiteto judeu que migra para os EUA após a II Guerra Mundial, ao lado da esposa, Erzsébet (Felicity Jones). Mesmo sendo talentoso, ele enfrenta preconceitos e humilhações, especialmente de seu patrão Harrison (Guy Pearce) e do filho dele, Harry (Joe Alwyn), que, em uma cena marcante, diz: “Nós toleramos você.”

💥 A violência contra László e sua família começa psicológica e se torna física em um momento revoltante. O filme traz um retrato forte sobre a realidade dos imigrantes, algo que, infelizmente, segue atual.

📽️ Com imagens belíssimas, uma trilha sonora marcante e uma narrativa envolvente, O Brutalista é impactante e necessário. Longo? Sim. Mas cansativo? Nem um pouco.

E aí, você acha que ele merecia mais prêmios? Comenta aqui! 🎞

#OBrutalista #Oscar2025 #AdrienBrody #Cinema #Filmes #Resenha

quarta-feira, 12 de março de 2025

Crônica - Nível fácil

Quando eu era criança, gostava de jogar no computador. E, sempre que possível, escolhia o nível fácil.

Se era um jogo que eu já conhecia bem, resolvia arriscar o nível médio. O difícil, só de onda, pra experimentar. Até porque eu não gostava de perder. Não tinha paciência. Inclusive, “roubava” pra conseguir mais vidas.

Mais tarde, não consegui aprender a andar de bicicleta porque não queria tirar a rodinha. O tempo passou e continuei levando a vida no nível fácil.

Escolhi a profissão que quis. Não precisei trabalhar até o fim da faculdade. Quando fui morar sozinha, já tinha uma casa própria, herdada dos meus pais. Perdi o emprego, mas tenho a bolsa do Doutorado.

Isso não significa que não me esforcei para conseguir as coisas, mas começar a “jogar” no nível fácil é um privilégio de poucos.

No entanto, não sei até onde vai minha flexibilidade para quando chegar ao nível difícil.

Ou melhor, sei sim.

Porque meu level hard já chegou. Em 2018, com a minha primeira crise. E eu sobrevivi. Com algumas cicatrizes, mas praticamente ilesa. Sou mais resiliente do que pensava.

Você pode ler mais sobre essa experiência no meu livro “Dançando na Varanda” (link na bio e encomendas comigo).

A vida adulta tem fases diferentes para cada um. Mas uma coisa é certa: quando o nível difícil chegar, o melhor é estar bem equipada/o para enfrentá-lo. Então, que a gente possa construir nossas próprias estratégias para enfrentar os desafios quando eles chegarem.

terça-feira, 11 de março de 2025

Resenha - Conclave (filme)

Conclave recebeu 8 indicações ao Oscar e venceu como Melhor Roteiro Adaptado. Baseado no livro de Robert Harris, o filme mergulha nos bastidores da eleição de um novo papa, com o cardeal Thomas Lawrence (Ralph Fiennes, indicado a Melhor Ator) conduzindo o conclave.

Intrigas, complôs e segredos envolvem o Vaticano, revelando um choque entre conservadores e progressistas. A invisibilidade das mulheres na Igreja também é questionada, como sintetiza a fala de Irmã Agnes (Isabella Rossellini, indicada a Melhor Atriz Coadjuvante): “Embora nós, irmãs, devêssemos ser invisíveis, Deus nos deu olhos e ouvidos.”

O mais instigante é ver figuras religiosas, que deveriam ser exemplos, agindo como homens comuns, com fraquezas e ambições. A trilha sonora de Volker Bertelmann, premiada no BAFTA, reforça a atmosfera intensa do filme.

O desfecho surpreende e torna Conclave um filmaço imperdível. Assista e tire suas próprias conclusões!

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Conhecer é preciso (poema)

às vezes me faltam as palavras
mas, nicole, você não é escritora?
e não sei o que fazer
mas, nicole, você não tem confiança?

consulto
pesquiso
pergunto
pra ter precisão
conhecer é preciso
saber não é preciso

o dicionário me diz
ainda não é o que sinto
e o que eu sinto
não sei dizer
mas digo