terça-feira, 30 de junho de 2020

Ferida Aberta

A ferida aberta sangra e solta pus
A ferida aberta é o poema que compus
A ferida aberta que em mim reluz
É também a grande força que me conduz

Sou mais potente do que jamais supus
Quanto mais entregue mais a vida me seduz
À minha alegria faço jus
E a tristeza não é mais a minha cruz

Toda emoção acolho
Toda satisfação escolho
Todo dia melhoro
Todo julgamento ignoro 


Digo a todo aquele que levantar o nariz
Hoje mais uma vez eu decidi ser feliz

terça-feira, 16 de junho de 2020

Rap do Mapa Astral

Olha só que legal
Eu fiz meu mapa astral
Só pra comprovar
Que sou sensacional
Então vou te mostrar
A coisa como tal
Que só o signo solar
Já é muito banal
Vem cá, vem ver a lua
A minha é em Touro
Me diz, qual é a sua?
Cadê o seu tesouro?
Meus afetos valem ouro
Gosto de segurança
Quer a minha confiança?
Faça por merecer
Você tem que crescer
Pra poder aparecer
Minha comunicação
É um pouco sem noção
Síndrome de palhação
Mas mando logo o sincerão
Mercúrio em Sagitário
Saturno em Aquário
Meu senso de dever
Não há o que temer 
O que isso quer dizer?
Sei lá, vai saber
Ninguém entende aquariano
E onde tá Urano?
Tá junto com Netuno
Tem terra nesse céu
Capricórnio well well well
Alguém tem que trabalhar
Pra coisa funcionar
E pra continuar o jogo
Meu Marte tá no fogo
Sagitário, esse bobo
De novo, de novo
Travo minhas batalhas
Na base da zoeira
Não sou santa nem freira
Mas fujo de canalhas
No meio do céu tem Gêmeos
Sei disso há milênios
Só paro pra recolher os prêmios
Gosto de conhecimento
Aprendo a todo momento
Persigo o meu intento
Vale nota? Eu tô dentro!
E Plutão em Escorpião?
Ninguém liga pra ele não
Dizem que é motivação
Ou excesso de tesão
Eu disse isso? Não!
Você que tá loucão
No meio dessa confusão
Um pouco mais de razão
Meu Júpiter em Virgem
Me faz muito prudente
Me deu até vertigem
De ser tão coerente
Não estranhe a modéstia
O ascendente é Leão
Valente e esperta
Não te deixo na mão
Mas às vezes sou o cão
Vênus em Escorpião
Profunda e intensa
Se a coisa fica tensa
Posso agir como um cavalo
Ou uma fina flor
Só não pisa no meu calo
Que eu guardo rancor
No amor, eu dou trabalho
Da vida, eu gargalho
Só bebo no gargalo
Isso eu mesma falo
Não tardo e nunca falho
Fica ligado, otário
Que o meu Sol é Sagitário

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Valentine

Be your own Valentine
Be someone else's rhyme
Just don't forget to shine
This is fine
Just don't forget to smile
This meanwhile

terça-feira, 9 de junho de 2020

Abelha

Uma abelha entrou pela janela 

Até tentei não ligar pra ela

Mas logo estava em cima de mim

Sacudi as mãos e ficamos assim

As duas desnorteadas

Igualmente estabanadas

Ela zunindo, eu calada

Aquilo não resolvia nada

Então parei por um segundo

Observei seu voo sem rumo

E esperei que encontrasse o prumo

Ela pousou na minha mão

Num gesto de gratidão

Sem perceber, eu sorri

E a deixei zanzar por aí

Saiu quando quis, sem avisar

Mas às vezes vem me visitar

Ficamos amigas, quem diria

É essa estranha companhia

Que me ensina todo dia

A importância de respeitar toda criatura

Sem frescura

E, se possível, alguma doçura

terça-feira, 2 de junho de 2020

Sobre Gaiolas e Voos

O amor não pode ser gaiola. Não sobrevive em cativeiro. Sua natureza é ser livre e voar. Aprisionado, definha e morre. E não importa o quão tentador seja criar ou aceitar essa gaiola. O espaço pode ser arejado, bem decorado, colorido, confortável. A gaiola pode ser de ouro. A porta pode até estar aberta. Continua sendo gaiola. A melhor das intenções muitas vezes não basta e esconde pequenas perversidades tão perigosas que sequer nos julgávamos capazes de cometer.

Quantas vezes não tentamos aprisionar o amor? Por medo, insegurança, egoísmo, sentimentos tão mesquinhos que nos dão a falsa sensação de controle e nos impedem de nos entregar plenamente às relações? Quantas vezes não matamos o amor antes mesmo de ele germinar? Sufocamos o outro com nossas expectativas e projeções, repetimos padrões de comportamentos nocivos sem perceber, sofremos e nos culpamos sem necessidade. Nos fechamos na nossa gaiola imaginária, pra onde queremos trazer o outro também. Ou ainda circulamos pela gaiola do outro. Mas dá no mesmo.

É preciso abolir as gaiolas. Encarar a luz, o ar puro, a natureza selvagem e indomável do nosso coração. Não é fácil. É um processo doloroso e demorado, com altos e baixos, perdas e ganhos, erros e acertos, mas, sobretudo, muito aprendizado. Abraçamos a nossa humanidade, acolhemos as nossas dores e abrimos espaço para, finalmente, dar e receber não o amor que idealizamos, mas todo amor possível.