sábado, 18 de janeiro de 2020

Nas reticências do silêncio

Eu gostaria de dizer tanta coisa, de fazer tanta coisa e me limito às reticências do silêncio. Ao mesmo tempo, não deixo que esse silêncio fale – silencio o silêncio e fico no vazio da existência, aquele limbo entre um pensamento e outro, um momento e o seguinte. Porque é aí, nesses intervalos, que a vida se manifesta. Mas não sei ser, não sei me permitir não saber, não nomear, não definir, não sei estar ali simplesmente, sem razão nem porquê. Não importa. Nada importa. Ninguém sobrevive de significados ocultos, senão de emoções autênticas. Parar. Sentir. Respirar. Ser. Estar. Existir. Presenciar: transformar tudo em presente. Um instante, um agrado, um desejo. Amor, em seu estado mais puro, livre de amarras e expectativas. Paz: compreensão sem palavras. Aceitação sem questionamento. Felicidade como começo e fim.