I love you so much
Te amo num rompante
I want you so hard
Te quero de verdade
I need you so strong
Preciso do seu nome
No meu telefone
Call me
Vê se não some
Why don’t you come?
Por que não?
Me dá sua mão
Come on
I love you so much
Te amo num rompante
I want you so hard
Te quero de verdade
I need you so strong
Preciso do seu nome
No meu telefone
Call me
Vê se não some
Why don’t you come?
Por que não?
Me dá sua mão
Come on
Inspire... Expire...
E não pense em nada. Certo? Errado. Meditação não é sobre não pensar em nada: é
muito mais sobre não se prender a nenhum pensamento e deixar fluir. Mas leva um
tempo até entender isso, especialmente na prática.
Comecei a meditar
junto com a prática de yoga, em 2018, após uma crise de ansiedade. Senti que
aquilo poderia me ajudar, me daria a paz de que necessitava. Depois se tornou
um ritual diário: medito todas as manhãs e/ou noites. Pelo menos uns cinco
minutinhos pra começar bem o dia ou pra ir dormir mais tranquila. Costumo fazer
a meditação guiada ou o Hoponopono no japamala (uma espécie de terço indiano).
E realmente me ajuda muito, já consigo diminuir o nível de estresse e encontrar
meu eixo com mais facilidade.
Porém, isso não quer
dizer que o exercício, tão saudável para o corpo e o espírito, não envolva os
seus desafios. No início, parece que o tempo não passa e que não vai funcionar.
Quando o instrutor fala pra relaxar e aquietar os pensamentos, abrir mão do
controle e não fazer esforço, já bate aquele desespero: mas, gente, como faz
isso? Socorro!
Quem me conhece superficialmente
acredita que eu sou super tranquila e por isso tenho facilidade com esse tipo
de prática. A verdade é que posso ser bastante impaciente e impulsiva (quem
nunca?) e justamente por isso preciso meditar. “Ah, não tenho paciência pra
essas atividades paradas...”. É pra esse tipo de pessoa que a prática é mais
útil. Pra todos, na verdade. Mas com calma. Sem pressão. Vai no seu tempo. Até
porque meditar não é só sentar em postura meditativa. É possível meditar
lavando a louça, limpando a casa, ouvindo música... Meditar é ter atenção
plena. Viver o momento presente. Bonito, não é? Não custa tentar, pois só faz bem.
Ofício de Escrever, de frei Betto, trata do ato da
escrita com uma leveza e sensibilidade incríveis. O religioso, acadêmico e
militante escritor nos fala sobre por que escreve, como é sua rotina, seus
autores preferidos e alguns de seus métodos. Enquanto muitos artistas exaltam o
sofrimento, como se escrever fosse quase uma maldição, frei Betto afirma que
escreve “para ser feliz”, e vai além: “se consegue ser feliz sem escrever,
talvez sua vocação seja outra”.
Ele nos consola ao lembrar que vários autores hoje
considerados clássicos, como Shakespeare, Tolstói, Flaubert, Baudelaire e
Dickens, receberam críticas negativas em sua época, inclusive de outros grandes
autores. Não se pode mesmo agradar a todos... Frei Betto exalta a poesia de
Adélia Prado e considera a literatura como a mais sagrada das artes, enquanto a
música seria a mais sublime. Em sua visão, a literatura não precisa ser
engajada, mas é sempre subversiva. E menciona autores que apoiaram regimes
ditatoriais, mas, ainda assim, inspiraram os leitores com sua arte. Fala ainda
sobre Cervantes, que morreu no mesmo dia de Shakespeare, e se questiona: “Onde
andarão os Cervantes capazes de derrotar com a sua pena aqueles que nos miram
com as suas armas?”.
Por fim, relata uma conversa belíssima que teve com um
sem-teto durante uma ação solidária em que explica com simplicidade sobre a
magia da leitura. Segundo frei Betto, a literatura serve para ler melhor o “livro
da vida, cujos autores e personagens somos nós”. Amém.
Entre o 8 e o 80
Prefiro o 69
Mas quando 70 e não consegue
60 e chora
E se consola
Com uma 51
Pra começar, adoro esse título, bastante lírico. E já apresenta a tese do
livro: amar é um verbo intransitivo, ou seja, não precisa de objeto. Ama-se e pronto.
O romance é classificado pelo autor, o modernista Mário de Andrade, como um “idílio”
– segundo o dicionário, “amor terno e delicado”.
Nessa história, um pai de família contrata uma governanta alemã para
iniciar sexualmente seu filho de quinze anos. Assim, além das aulas de alemão,
Fraülein é responsável por ensinar Carlos sobre as etapas da conquista e da
sedução. O pai acredita que é melhor que isso ocorra dentro de casa do que na
rua, em qualquer lugar, com “qualquer uma”, de maneira irresponsável. Aqui já
podemos compreender os costumes (hipócritas) da época, os anos 1920. Carlos,
como é próprio de sua idade, é tomado pelos arroubos da paixão por Fraülein,
mas isso logo passa quando ela cumpre sua função e vai embora. Mais tarde, os
dois se reencontram por acaso e ela já está acompanhando o jovem de outra
família enquanto ele passeia com uma namorada – provavelmente uma “moça de
família” com quem pode acabar se casando.
O mais interessante no livro é como o tema do amor e da paixão é tratado
de modo filosófico e, ao mesmo tempo, pragmático. Fraülein não é apresentada
como uma simples prostituta: trata-se, inclusive, de uma mulher culta e
experiente. Ela realmente leva a sério o seu trabalho, o de ensinar a arte de
amar. Percebemos também a efemeridade das paixões adolescentes e a condição dos
estrangeiros no Brasil, a alemã na condição de governanta e um japonês também
como empregado da casa. Vale a pena ler esse clássico da literatura brasileira
para acessar a linguagem experimental de Mário de Andrade e refletir sobre a
intensidade das primeiras paixões.
Recentemente, li numa pesquisa
francesa que a maior parte das pessoas considera que ainda existe racismo no
país, mas nenhum dos entrevistados se admitiu racista. Acredito que no Brasil o
resultado seria o mesmo. E aí, bem, a conta não bate, né? Ah, é o racismo
estrutural, é um problema da sociedade. E não fazemos todos parte dela? Então
somos todos racistas? Em alguma medida, sim, é o que o conceito significa. Mas
calma que sempre dá pra piorar. Ops, eu quis dizer melhorar. Às vezes a ironia
fala mais alto. Outras vezes ela grita.
A questão é que não podemos ser
ingênuos ou cínicos a ponto de acreditar que o preconceito parte sempre do
outro. Senão nos tornamos todos alecrins dourados que acabaram de ser semeados
no campo recém-arado do alto da colina (o que eu disse sobre a ironia?). Por
mais difícil que seja, o primeiro passo pra nos tornarmos uma sociedade melhor
é nos tornarmos pessoas melhores. E pra isso precisamos revisitar as nossas
sombras e rever os nossos próprios preconceitos.
É necessário um esforço de
desconstrução de velhas ideias e reelaboração de novos argumentos. Esse esforço
é individual e coletivo, começa na auto-observação e continua no diálogo (ou
vice-versa). Afinal, ninguém muda o mundo sem mudar a si mesmo, a não ser um
ditador em potencial.
P.S.: Juro que não tenho nada contra
homens cis hétero e brancos. Até tenho amigos que são (alerta final de ironia).