Um dia desses, na
terapia, me deparei com uma daquelas questões “tapa na cara” que nos fazem
refletir a fundo sobre a nossa vida. Minha terapeuta apontou que eu falava dos
meus projetos como se fossem algo muito distante. Por que não arregaçar as
mangas e começar logo a dar corpo a eles? Falando assim, parece óbvio, mas
quantas vezes não adiamos nossos sonhos, por medo, preguiça ou comodismo?
Acontece que a gente fica,
muitas vezes, esperando o “momento ideal”. “Quando eu sair de casa”, “quando
casar”, “quando mudar de emprego”, “quando investir em tal coisa”... E, no
final das contas, não fazemos nada pra nos planejar e tornar esses eventos
possíveis. Porém, se nos colocamos nessa postura “à espera de um milagre”, aí é
que as coisas não acontecem mesmo.
Não por coincidência, eu
andava muito devagar, dormindo demais e desmotivada há um tempo. Me faltavam
metas e disciplina pra realizá-las. Claro que momentos de pausa e descanso são
essenciais. Mas até esses momentos cansam quando não gastamos energia em
projetos pessoais e profissionais. E são simples os gestos que podem mudar
isso. Ler 10 páginas por dia, escrever 500 palavras a cada manhã, caminhar pela
tarde três vezes por semana... Pequenas metas. Baby steps. Depois, é
claro, podemos pensar em coisas mais audaciosas, mais a longo prazo, como uma
mudança de casa ou de carreira, se assim desejarmos. Entretanto, é preciso
começar de algum lugar. E sabemos que essa pandemia não tá fácil pra ninguém.
Mas a gente faz o que pode pra se manter são.
Eu comecei eliminando
alguns maus hábitos que adquiri com o home office, como voltar pra cama
logo depois de acordar ou depois do almoço. Procuro dormir bem à noite e,
durante o dia, deixo a preguiça de lado pra dar conta das minhas atividades. Não
me sobrecarrego de coisas, procuro focar no que preciso fazer e já estou
planejando, pro ano que vem, meu Doutorado e minha saída da casa dos pais, vontades
que vinham se acumulando em mim. É uma delícia quando um projeto sai do papel.
Devagar e sempre em frente, podemos dominar o mundo (insira aqui minha risada
macabra). Mas não antes de conseguir o mais difícil, que é nos disciplinar.