segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Presente de Natal (conto)

 

Cinco da manhã. O despertador toca. Uma. Duas. Três vezes. Na quarta, uma mão pesa sobre o celular e o polegar ágil desliza sobre a tela. Merda de barulho irritante! Anunciando um novo dia. Mais um dia de cão.

Semiconsciente, Silene escova os dentes após o café apressado. Se arruma. Dá um beijo na neta, que deve acordar mais tarde pra ir à escola. Desce o morro. Espera seu ônibus no ponto. Até que ele passa rápido. Que bom. Hoje não vai atrasar. Odeia ouvir sermão da patroa.

Na lata de sardinha urbana, ela se ajeita como pode. Sempre se sentiu um peixe fora d’água. Agora faz parte de um cardume. Algum malandro passa a mão na sua bunda. Ei! Não se tem um minuto de paz.

Uma hora depois, pega o segundo ônibus, até o trabalho, na zona sul do Rio. O transporte sempre lotado. Silene se segura e aperta a bolsa contra o peito. Suspira. Mais um dia. Menos um dia. Fim de semana já chega. É Natal. Nessa época, é obrigatório ser feliz. Mas a felicidade é um privilégio de poucos. Quem disse que felicidade não se compra provavelmente já comprou a sua.

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