Semana
passada tivemos o Dia dos Namorados no Brasil, então essa crônica está um pouco
atrasada, mas vocês vão me desculpar. Estou pra falar desse tema já tem um
tempo, na verdade, inspirada por um filme e um livro que consumi recentemente.
O filme é “O Lagosta”, de Yorgos Lanthimos, disponível na Netflix. Ele fala
sobre uma sociedade em que não é permitido ser solteiro. As pessoas solteiras
são colocadas em um hotel onde devem encontrar um par em até 45 dias. Caso não
encontrem, serão transformadas em um animal de sua escolha (daí o título). Dentro
da floresta, há um grupo revolucionário de solteiros que vive à margem da
sociedade. E eles não podem se relacionar entre si. O radicalismo de ambas as
partes dificulta bastante a vida do protagonista, que reage às pressões
sofridas, tentando se encaixar com quem não tem nada a ver com ele ou se
apaixonando no momento errado.
Já
o livro se chama “Mulher, solteira e feliz”, de Gunda Windmüller. Nele, a
autora discute sobre os perigos do amor romântico, que inclui idealização e, em
consequência, muita desilusão, mostra dados que comprovam que não ter nenhum
relacionamento é muito melhor do que estar num relacionamento ruim, discute sobre
como é possível ser feliz, encontrar outros focos para a vida além de casamento
e filhos, especialmente após os 30 anos, e não sucumbir à pressão social.
Relacionar-se
deveria ser algo natural. Porém, o casamento parece ser uma conquista social, principalmente
para a mulher. Seria o dia mais importante da vida. E os filhos são sua razão
de viver. Essa mentalidade antiga ainda se perpetua e tem consequências
terríveis, como mulheres que se submetem a relacionamentos abusivos ou cedem à
maternidade compulsória apenas para atender às expectativas da família / da
sociedade. Devemos levar a vida como funciona pra nós, de acordo com nossa
personalidade e nossos ciclos. Hoje em dia, pelo menos, as discussões estão mais
abertas. Que consigamos, cada vez mais, evoluir e nos respeitar em nossas diferenças.